domingo, 11 de março de 2012

Revolta dos Malês

 Texto muito interessante sobre a Revolta dos Malês, vale a pena conferir.

 

Revolta dos Malês

Por Felipe Araújo
No ano de 1835, ocorreu em Salvador, Bahia, a Revolta dos Malês. Mas quem são os malês? A vocábulo “male” deriva da palavra da língua ioruba “imale”. Eram considerados malês os negros mulçumanos que resistiram e reagiram à imposição do catolicismo, mantendo sua crença e cultura. Bastante instruídos, por vezes, até mais do que seus senhores, os malês organizaram inúmeros levantes, o mais conhecido é a Revolta dos Malês.
revolta_dos_malesEntre os líderes dos malês estavam Pacífico Licutã, Manuel Calafate e Luis Sanim, juntos, conseguiram munição, armamentos e elaboraram um plano de luta contra os senhores, visando soltar escravos e conseguir liberdade religiosa. A batalha aconteceu no centro de Salvador com os malês atacando subitamente uma patrulha do exército. Porém, uma denúncia alertou sobre o início da revolta.
Na noite de 24 de janeiro de 1835, alguns malês foram cercados pela polícia na Casa de Manuel Calafate, local onde muitos rebeldes foram mortos e presos. As autoridades agiram com rapidez, conseguiram combater ataques aos quartéis de Salvador, expulsando os revoltosos. Ao tentar fugir da cidade, um grupo de mais de quinhentos malês foi barrado na vizinhança do Quartel de Cavalaria em Água de Meninos, onde ocorreram os combates decisivos, todos vencidos pelas forças policiais.
Neste confronto morreram sete integrantes da polícia e setenta malês. Aproximadamente duzentos escravos foram detidos no Forte do Mar e julgados nos tribunais. As condenações foram a pena de morte para os principais líderes,  trabalhos forçados, fuzilamentos e açoites.
De acordo com o historiador João José Reis:
“durante o levante, seus seguidores ocuparam as ruas usando roupas islâmicas e amuletos contendo passagens do Alcorão, sob cuja proteção acreditavam estar de corpo fechado contra as balas e as espadas dos soldados”.
A Revolta dos Malês foi controlada com rapidez, mas acabou aumentando o medo de rebeliões de escravos em todas as províncias. O receio era de que os africanos conseguissem sua independência, como acontecera no Haiti naquela mesma época. Isso fez com que os senhores passassem a agir de forma mais rigorosa com os escravos e, em Salvador, os africanos foram proibidos de circular à noite pelas ruas e de praticar as suas cerimônias religiosas.
Curiosidades
  • levante males 
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  • Documentos revelam que existia uma sociedade secreta de escravos no Brasil. Numerosa e bem organizada, era dividida em círculos com hierarquia de categorias. Cada um tinha cinco membros, o chefe recebia ordens do mandante superior, que era comandado pelo chefe principal. A maioria dos participantes destes grupos era de escravos melês. Os segmentos tinham Santo Antônio como protetor, ao qual se referiam como El-Banda e os chefes com menor poder de decisão eram chamados Tates-Corongos. As organizações eram tão minuciosas que os chefes supremos não foram descobertos até hoje.
  • Em 1809, a sociedade secreta negra Ogboni atacou fazendas e libertou escravos, em 1816, vários engenhos em Santo Amaro foram incendiados. Já em 1826, o quilombo Urubu quase ocupou Salvador.
  • Uma das técnicas de luta usadas na Revolta dos Malês foi a capoeira.
  • Entre os mortos e feridos da batalha, um livrinho escrito em árabe com trechos do Alcorão foi encontrado no pescoço de um malê baiano.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_dos_Malês
http://www.historiabrasileira.com/periodo-regencial/revolta-dos-males/

As Rebeliões Regenciais


As rebeliões Regenciais



De forma geral, as elites locais descontentaram-se com a política do governo central no momento da regência, pois perderam muito de sua economia. Durante o governo Feijó as tensões encontravam amplo respaldo popular, fazendo eclodir várias revoltas por todo o país. A possibilidade de guerra civil total colocava em risco, por exemplo, o próprio sistema escravista, uma das bases da sociedade imperial. A regência de Araújo Lima possibilitou a junção das forças da aristocracia rural no combate a esses levantes sociais. As principais rebeliões do Período Regencial foram a Cabanagem, a Farroupilha, a Sabinada e a Balaiada.
 
Cabanagem (1835-1840)
Única revolta que instalou um governo popular de fato, a Cabanagem deve seu nome ao modo como a massa pobre do Grão-Pará era chamada: cabanos. Cansada da miséria da opressão das elites e do descaso do governo, a população tomou Belém sob o comando de líderes populares como Félix Clemente Malcher. A violenta reação oficial, que teve ajuda de mercenários estrangeiros, arrasou o levante em 1840, causando a morte de 40 mil pessoas- quase metade da população da província na época.

Revoltas dos Farrapos (1835-1845)
Conhecida como Revolução Farroupilha, nasceu do descontentamento dos estancieiros (latifundiários) em relação aos impostos sobre o charque gaúcho, que o tornavam mais caro do que a carne importada de outros países. Liderados por Bento Gonçalves, eles tomaram Porto Alegre em 1835. No ano seguinte, proclamaram a República Rio- Grandense. O movimento se alastrou para Santa Catarina, onde, em 1839, surgiu a República Juliana. Em 1845, após derrotas rebeldes foi negociada a paz.
  Bento Gonçalves, século XIX. Acervo do Museu Júlio de Castilhos

Sabinada (1837-1838)
Descontente com a falta de autonomia da província e com os desmandos da administração regencial, a classe média de Salvador, apoiada por uma parcela do Exército, tomou a cidade e proclamou a República Baiana, em 1837. Os rebeldes eram liderados pelo médico Francisco Sabino, daí o nome, Sabinada. Sem respaldo popular, porém, o movimento se enfraqueceu. No ano seguinte, as tropas oficiais, apoiadas pelos latifundiários da região, cercaram e derrotaram os revoltosos.

Balaiada (1838-1841)
A miséria provocada pela crise do algodão e pelo aumento de impostos e preços, somada ao descaso das autoridades motivou a rebelião popular do sertão maranhense em 1838.  O movimento era comandado por um chefe de quilombo, o negro Cosme; um vaqueiro, Raimundo Gomes ;e um artesão, Manuel Francisco Ferreira, o “Balaio”- daí o nome Balaiada. Eles chegaram a ocupar a vila de Caxias, a segunda mais importante da província, mas, em 1841, foram derrotados pelas tropas do governo central.

 HQ sobre a Balaiada, na imagem a representação de Negro Cosme.